sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Aventura, coragem e muita pedalada...

José Geraldo de Souza Castro, mais conhecido por Zé do Pedal de 52 anos, partiu de Paris até Joanesburgo num veículo especial - uma mistura de kart e bicicleta, para torcer pelo Brasil no Campeonato do Mundo. Este brasileiro começou esta aventura no dia 10 de Maio de 2008, vai percorrer 22 países e nesta altura está quase na Namíbia com 13.500kms percorridos. Até Joanesburgo serão mais 3500 kms. 

O kart a pedal foi fabricado na Holanda, equipado com pneus de alta durabilidade, aros de polietileno, travão de disco nas rodas traseiras, sete mudanças, farol e outros acessórios. Histórias não faltam, aqui ficam algumas contadas pelo Zé do Pedal:
Recebi de um grupo de ciganos uma proposta engraçada para trocar meu kart por um cavalo. Recusei.

- Na Nigéria, o temor era de sequestro. Principalmente após passar a ponte sobre o rio Niger e entrar no estado do Delta, onde grupos extremistas se opõem à exploração de petróleo por empresas ocidentais e usam o rapto de pessoas como forma de conseguir dinheiro para comprar armar e manter as tropas. Situação parecida na Costa do Marfim, adversário do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo.


- Ao chegar na Costa do Marfim, passei por uma zona controlada pela milícia rebelde daquele país, onde não existe leis. Ou seja: manda quem pode e obedece quem tem juízo.
- No Senegal foram quase 300 quilômetros de estradas de terra sob um calor de 45 graus, onde apenas conseguia avançar uns 30 quilômetros por dia. Foram 12 dias comendo poeira e cuspindo tijolo. Já no litoral atlântico começou a estação de chuva e com aguaceiros constantes chegaram também os mosquitos… Ao chegar a Accra, capital de Gana, enquanto a seleção brasileira vibrava com cada vitória na Copa das Confederações (em 2009), eu revirava na cama vítima da Malária.

Tentativas de assalto
“Foram duas tentativas na Nigéria, um país muito difícil em todos os sentidos, na região do Delta do Rio Niger, entre as cidades de Abakaliki e Calabar.Na primeira vez fui parado por duas pessoas de motocicleta dizendo que eram da segurança do povoado. Isso era normal, cada povoado tem uma equipe de pessoas que fazem sua segurança. Elas me pediram para ver o que eu trazia no reboque. Reviraram tudo e viram onde eu guardava cada coisa. Só saíram dali depois de verem eu arrumando novamente as coisas no reboque. Deixaram-me ir e, mais ou menos meia hora depois, voltaram a me parar pedindo para abrir de novo o reboque. Aí descobri que queriam me assaltar. Por sorte parou uma van perto para descer passageiros e pedi socorro. Na segunda vez fui parado por três pessoas que anunciaram o assalto e queriam dinheiro. Enquanto tentava explicar que não tinha mais dinheiro – já tinha dado a eles o equivalente a 10 do dólares – vi um carro do exército e sai correndo para pedir ajuda. Mas eles levaram meus 10 dólares e um banner no qual vinha recolhendo assinaturas dos amigos que encontrava pelo caminho”.
Kit de primeiros socorros
“Não sinto câimbras, mas às vezes preciso de uma boa massagem na batata da perna, principalmente naqueles trechos em que existem muitas montanhas. Meu kit de primeiros socorros é bem simples: creme mentolado para dores musculares, comprimidos para aliviar as dores e, uma coisa que não pode faltar na África, tratamento contra a malária. Antes eu tomava preventivos, porém estava atacando muito o fígado e os rins e parei de tomá-los. Os comprimidos para prevenção são bons, mas apenas para quem vem passar um ou dois meses”


Noites
“Na maioria das vezes durmo em barraca. Às vezes em casa de amigos que encontro pelo caminho. Algumas noites dormi em hotéis, embaixadas e consulados brasileiros. Em Joanesburgo, vou procurar um camping perto da concentração do Brasil. Durante a copa, não quero perder nem treinos de nossa Seleção. Ainda não tenho ingressos para os jogos. Com sorte conseguirei em Joanesburgo, nem que seja para assistir da geral”.
Volta para o Brasil
“Penso voltar de navio ou avião. Ainda não tenho passagem para voltar e estou tentando algum patrocínio para a passagem, mas está um pouco difícil”.

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