terça-feira, 29 de setembro de 2020

Tadej Pogacar...

Como ciclista, Tadej Pogacar (que faz precisamente hoje 22 anos), sempre foi considerado precoce. Enquanto criança era sempre o mais novo e pequeno no grupo de amigos, uma circunstância que conseguiu combater com ambição e agressividade. O seu lema "apostar tudo ou nada" deu-lhe a vitória na Volta a França e já o tornou numa lenda.

Numa das etapas mais emocinantes dos últimos anos, Pogacar destruiu por completo o guião que já estava escrito e provovou um autêntico terramoto no mundo do ciclismo, consagrando-se nos Campos Elíseos como o vencedor mais jovem do Tour nos últimos cem anos.

A sua exibição no contrarrelógio de sábado não é uma casualidade: é a sua maneira de ver a competição. Além disso, o seu logotipo pessoal define aquilo que é: um lobo. Segundo o próprio Pogacar, esse animal simboliza as suas virtudes desportivas: a ambição de ser melhor, um lutador implacável e um bom membro de equipa.

Foi a primeira vez que um esloveno ganhou a Volta a França e a primeira vez em 36 anos que dois ciclistas do mesmo país ocupam os dois primeiros lugares na mais prestigiada prova de ciclismo. Na Eslovénia o ciclismo tem muita tradição, mas até agora não tinha uma figura de primeira linha. E de uma só vez, surgem dois "fora de série", como Pogacar e Roglic que, embora a tensão competitiva, são amigos.


Pogacar cresceu - juntamente com as suas duas irmãs e um irmão - numa pequena vila no norte da capital eslovena, Liubliana. Nem a sua mãe, professora numa escola secundária, sem o seu pai, empregado numa empresa madeireira, tinham nenhum vínculo com o desporto.

Embora Pogacar tenha começado a sua vida desportiva como quase todas as crianças - no mundo do futebol -, o seu irmão mais velho, Tilen, trouxe-o para o mundo do ciclismo. Desde então nunca deixou de andar de bicicleta e toda a sua vida gira ao redor dos pedais. Na Eslovénia, Pogacar é um símbolo de vida saudável, de entrega ao desporto, de uma atitude mental inabalável, baseada na humildade e no trabalho.

Mas a sua imagem de bom rapaz e sua acne típica da idade não devem confundir: quando se monta na bicicleta é um atleta agressivo, ambicioso e sem concessões. Um jovem exemplar, um ciclista selvagem. Com 9 anos apenas, começou a andar de bicicleta e com 10 entrou no mundo da competição. Era o mais pequeno nas provas, tanto pela idade como pelo seu físico. Daí a sua alcunha, "Tamau Pogi", o pequeno Pogi. Pogacar continua a utilizar esse nome na sua conta do Twitter.


"O meu objetivo é ganhar uma das provas mundialmente mais famosas de três semanas", escreveu o jovem na sua página após a Volta a Espanha de 2019, na qual foi a grande revelação ao acabar em terceiro, atrás de Roglic e Valverde. Foi precisamente em 2019 que se estreou como profissional, tengo logo causado sensação. Em fevereiro triunfou na Volta ao Algarve. Pogacar foi o ciclista mais jovem do mundo a ganhar uma corrida do World Tour ao ganhar a Volta à Califórnia com apenas 20 anos.

A sua namorada, Urska Zigart, também é ciclista (corre pela BTC Ljubljana, uma equipa com sede em Itália), competindo no World Tour feminino. "Ele consegue manter sempre a calma", foi assim que Zigart descreveu o seu namorado ao diário digital Siol.

O diretor desportivo da UAE Team Emirates, o australiano Neil Stephens, explicou que Pogacar tem uma grande intuição para tomar as decisões corretas e que é consciente das suas virtudes sem deixar de ser humilde. "Ele é de outro nível e sabe disso, mas ao mesmo tempo é humilde e um bom colega de equipa", resumiu.

Num dia cheio de fortes emoções, Pogacar não se esqueceu da sua equipa e de reconhecer o valor do seu rival: "O Roglic foi o melhor ciclista durante toda a Volta a França (...) Eu respeito-o, é verdadeiramente um bom amigo e também lamento a sua derrota", disse aos jornalistas eslovenos.