domingo, 29 de junho de 2008

Caminhos de Santiago pelo Zé Simões

Dia 6 de Junho de 2008, 22 horas de 6ª feira o grupo composto por mim ( Zé Simões ), Hernâni Oliveira ( Bicisports ), Fausto Maia, Manuelino, Nelson e Mário Batista, preparou-se para uma viagem de carro com o João ao volante até Roncesvalles nos Pirinéus espanhóis, próximo da fronteira francesa.
7h 30m da manhã chegámos a Roncesvalles. Mau dia. Chuva, nevoeiro e frio ( 3º graus ). Uma hora de preparação, amarrar saco cama na bike, encher a mochila com o mínimo essencial e arrancámos. Este 1º dia era o mais longo em termos de distância, 105 kms, feitos debaixo de mau tempo, por single tracks espectaculares, mas com muita lama. Muitos quilómetros foram feitos junto ao rio Arga. Aproveitei para dar um tralho numa encosta e desta forma por à prova a entreajuda duns peregrinos que me ajudaram a sair de cima duma roseira, que me aparou a queda. Terminámos este dia difícil em Puente la Reina a Lorca onde dormimos, depois de verificarmos que na localidade anterior os albergues estavam esgotados. Jantámos noutro albergue próximo onde comprovámos a hospitalidade e simpatia dos espanhóis que estão neste percurso. Eu e o Mário dormimos com um casal no mesmo quarto a quem nunca vimos a cara.
Segundo dia, 95 kms, de Lorca até Santo Domingo da Calzada, com passagem por Estella, Logroño e Najera. Tempo razoável. Aproveitámos e durante o percurso experimentámos as cerejas espanholas para podermos comparar com as nossas. Peregrinos italianos a pé eram os que estavam em maior número, apesar de haver gente de todo o mundo. Nessa noite decorria uma festa em Santo Domingo na praça central em que se assavam costeletas e entrecosto que estavam a disposição de quem quisesse matar a fome. Veio mesmo a calhar e mais um ponto a favor dos espanhóis, de onde afinal pode vir bom vento e bom casamento. Depois do repasto e para moer a carne um grupo dos nossos percorreu o lugar e descobriu uma loja de bikes, que no dia seguinte deu muito geito, porque apesar de ser feriado abriu para podermos comprar os impermeáveis.
Muita chuva e lama marcaram os 85 kms do 3º dia e que nos levou até Burgos. Etapa muito penosa para nós e para as bikes. Conhecemos uma norueguesa que nos tirou umas fotos. Almoçámos numa mercearia, onde aproveitámos para secar os sapatos na lareira. Se a ASAE sabe disto ainda vai lá multar e fechar o comércio ao homem. Dado o estado do terreno fizemos os últimos 25 kms por alcatrão e pelo meio tivemos que subir uma parede cuja inclinação era assustadora. Dormimos num albergue completamente cheio. O Fausto aprendeu que afinal as senhoras também mijam muito de noite, tal foi o corropio para os wc para aliviar a bexiga durante a noite. O Manuelino teve uma surpresa de manhã quando acordou com uma chinesa na cama de baixo.
No último dia metemos mais 95 kms nas pernas e só parámos em Frómista. Percurso muito bonito com paisagens de campos de trigo a perder de vista. Mas, a aventura ainda não tinha terminado e quando ligámos ao João que nos ia buscar, ficámos a saber que a carrinha tinha ficado sem embraiagem ainda em Portugal. Depois duns telefonemas o meu agradecimento à Salitur de Aveiro que nos desenrascou no dia de feriado.
Os locais por onde passámos são muito bonitos a merecerem uma visita mais demorada. De referir mais uma vez a simpatia dos espanhóis e o nosso agradecimento ao policia que nos ofereceu dormida na esquadra de Santo Domingo da Calzada. De realçar ainda a excelente marcação do percurso.
Valeu a pena e a segunda parte da peregrinação fica para data a combinar.
ZS

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