sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Coimbra - Santiago de Compostela, 1ª etapa...

Desde que visitei Santiago de Compostela numas férias com a família, de carro, logo ficou o bichinho de querer fazer o mesmo, mas de BTT. No grupo PMC já havia alguns elementos que tinham a mesma vontade pelo que não demorou muito em agendar a data da tão desejada jornada. Eram três os PMC’S que alinhavam na aventura, Rui Ventura, Vladimiro Casaleiro e Luís Fonseca, mas, é sempre difícil conseguir uma data que agrade a todos. Por não conseguir férias, o Luís ficava de fora, sendo eu e o Casaleiro os únicos a embarcar nesta que seria a maior aventura até agora realizada.
Caminho Português Interior de Santiago de Compostela foi o escolhido, por ser o único com maior contacto com a natureza. Logo de início, ficou decidido que a viagem seria em total autonomia, contando apenas com o apoio dos albergues distribuídos pelo caminho. Dia 18 de Julho era a data marcada para a grande aventura, finalizando quatro dias depois, a 22.


Faltando sensivelmente dois meses para essa data, seria então, altura para preparar todo o itinerário conseguindo o máximo de informação sobre o caminho, albergues existentes, quilómetros entre os mesmos, a escolha de cada etapa, contactos, pontos de interesse em cada zona e o mais importante, os pontos onde poderíamos fazer as refeições, porque muitos sítios onde iríamos pernoitar, seriam pequenas aldeias isoladas e ficar sem combustível tanto à chegada, como ao pequeno-almoço não seria nada bom para o esqueleto, depois de tanto esforço. Igualmente importante, seria a preparação física dos bicigrinos, antes de iniciar uma viagem com tantos quilómetros e vários dias e neste ponto tivemos a preciosa ajuda da Bikerun – Trainer&Lifestyle e do João Amaral, que nos preparou para uma jornada tão dura, pois sem ele, teria sido bem mais penosa. Também a bike teria que ter uma atenção redobrada na mecânica. O estado de alguns componentes principalmente a transmissão, travões e pneus, já que a maioria da viagem seria feita em terreno acidentado e com muito pouco contacto com a civilização, pelo que tem que haver uma boa revisão à máquina e substituir componentes mais desgastados, para que diminua a tendência a avarias ao longo do percurso. O alforge foi o tipo de mala escolhida para transportar toda a bagagem e material necessário e como ambos íamos em suspensão total, o suporte para alforge é de amarrar ao espigão de selim, opção que diminui a capacidade em carga bruta, comparando com o suporte para bikes rígidas, pelo que teríamos que seleccionar bem o material a levar. No caso da roupa, optei por levar o mínimo possível, a saber: dois equipamentos de ciclismo, duas t-shirts tipo “dry fit” (para que caso fosse necessário lavar e secar rápido) dois boxers, três pares de meias, um calção casual e toalha micro fibra. Nos produtos de higiene pessoal, consegui reduzir o tamanho do champô, gel de banho e detergente líquido para roupa (caso fosse necessário). Peças suplentes para a bike, levei algumas de possível utilidade e de fácil transporte, como um drop-out, calços de travão, raios, cabeças, uma espia, uma camara de ar, remendos, óleo, mini-tool, gps e luzes dianteira e traseira.

 

A VIAGEM/AVENTURA

1ª Etapa – 18/07/2013 Coimbra/ Almargem
Já com as credenciais carimbadas no dia anterior na Igreja Rainha Santa Isabel, combinámos às 6h da manhã no mesmo local para as fotos da praxe e assim dar inicio à 1ª etapa - Viseu/Almargem .
Portão do largo da Igreja Rainha Santa Isabel - 6h da manhã

Depois de alguns quilómetros realizados, já na estrada da Beira demos conta que nenhum de nós levou cantil, que ficaram esquecidos no frigorífico, risada geral, esta seria a primeira falha, mas nada que não se resolvesse pelo caminho. Mortágua seria a primeira opção para poder adquirir um novo bidão e tivemos sorte em estar fresco nessa altura, caso contrário teríamos passado sede. Rolámos sem dificuldades, já que o trajecto foi em alcatrão e sempre em grande cavaqueira, depressa estávamos em Mortágua.

A fazer horas em Mortágua

Como chegámos antes das 9h, a loja do Pedro das Bicicletas ainda não estava aberta, pelo que fomos até a um café mesmo ao lado, aproveitando para reforçar as energias com um segundo pequeno almoço e fazer tempo até a loja abrir e adquirir os preciosos bidões. Já com eles comprados e em promoção, oferta de géis e sais, nada mau, retomámos o trajecto, fazendo algumas pequenas paragens pelo caminho para contemplar a paisagem e registar com algumas fotos, da nossa passagem.
Santa Comba Dão era o próximo destino para mudar de piso e entrar na antiga linha do Dão, transformada em ciclovia. O calor já se fazia sentir, e foi ficando cada vez mais forte, obrigando ao enchimento dos bidões mais vezes. Com média de 22 km/h registado no gps, foi num instante que nos colocámos em Viseu, pouco passava das 13:00. Ao descer um passeio, o meu alforge descose-se ficando preso pela metade, problema que não esperava acontecer tão cedo.

Ciclovia do Dão

Com sugestão do Casaleiro abracei os elásticos de maneira a que estes suportassem o peso dos alforges e o problema ficou solucionado. A larica para almoçar já era alguma, mas antes teríamos que carimbar as credenciais, subimos à Sé de Viseu e obtivemos o 2º carimbo num posto de turismo existente mesmo em frente à Sé.
A chegada foi bem antes do previsto e como estava muito calor e na hora de almoço, optámos por fazer algumas compras num super-mercado e adquirir algo leve para comer, pão, presunto, colas, água e fruta. Refugiámo-nos no parque da cidade debaixo de uma sombra e preparamos o que seria o nosso “almoço” e fazer algum tempo até regressar ao caminho e encontrar o albergue em Almargem.

Almoço em Viseu

Aproveitando a passagem por Viseu, combinei um jantar com o amigo Jorge Costa. Telefonicamente ficou acertado, apanhar-nos no albergue, para jantarmos em Viseu.
17h quando regressámos ao caminho para então procurarmos o albergue em Almargem, localidade a uns 15km a norte de Viseu. Voltámos a subir à Sé para apanharmos novamente as indicações dos trilhos, que nesta zona da cidade não é nada fácil, seguir as mesmas, pois andámos sempre em contra mão com o trânsito, mas com algum cuidado lá encontrámos as setas e placas, de sinalização do caminho.


O caminho até Almargem também não apresentou grande dificuldade, pois o trilho além de ser quase todo no meio de pinhal e sem grandes subidas, tem uma boa parte percorrida na antiga via romana que ligava Viseu a Chaves.
Chegados ao albergue, ficámos a saber, que as obras da antiga escola convertida em albergue ainda não estavam concluídas e teríamos que pernoitar numa associação, tendo o palco como cama, era bem melhor que ficar ao relento.
Futuro albergue de Almargem
Com marcação prévia, para avisar da nossa estadia no albergue, telefonámos ao responsável que nos veio abrir a porta e dar-nos a conhecer as restantes instalações. Aparentemente iríamos passar a noite sozinhos, pois, não havia mais peregrinos a entrar. Nesta altura dei por falta do óleo e toda a ferramenta que levei, tinha-a perdido no caminho, possivelmente na estrada romana, mais um problema para resolver. Banho tomado, visitámos a aldeia, parámos num pequeno café para tomar uma cerveja bem geladinha, fazendo tempo para a nossa boleia. Na esplanada que ficava do outro lado da estrada estava um dos habitantes locais a beber cerveja e aproveitámos para meter conversa e obter algumas informações sobre o possível local para o pequeno almoço do dia seguinte. Pela conversa não seria fácil, tal refeição.

Albergue provisório de Almargem
"Quarto" em Almargem


Já era um pouco tarde e a fome já apertava, o Jorge chegou pelas 21h e levou-nos a jantar ao restaurante Rio Sul em Viseu. Grelhada mista, acompanhada de uma bela cerveja foi o manjar escolhido pelos dois atletas para ajudar a reconstrução do tecido muscular. Colocou-se a conversa em dia, mas quando se está com amigos todo o tempo é pouco. Tivemos que regressar a “casa” e descansar para a jornada do dia seguinte. A associação onde o albergue estava inserido, estava aberta, com alguns habitantes a desfrutarem da noite quente, entrámos e finalizámos a noite com mais uma mini e alguma conversa, agradecendo a forma como fomos recebidos em Almargem.
Dados da etapa
129,50 kms; 1,824 mts desnível +; Tempo em movimento  8h 02m 04s (gps)

Continua...

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