quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Coimbra - Santiago de Compostela, 3ª etapa...

3ª Etapa – 20/07/2013 Bertelo/Chaves
Mais um dia, mais uma noite mal dormida, mas com a boa disposição em alta. Para variar 6h da matina estava o despertador a anunciar o inicio de mais uma etapa. Com alguns dos “moradores” do albergue já a levantados, tratámos da higiene e do pequeno-almoço. Ainda cansados, muito ensonados, preparámos os alforges e antes de partir, tirámos algumas fotos e apreciámos a vista deslumbrante ao nosso redor, coisa que não conseguimos ver na noite anterior e também por causa da noite não tivemos a percepção do que nos esperava logo à saída do albergue, pois claro, uma subida e longa. Bora lá fazer o pré aquecimento, com alguns estiramentos e alongamentos antes de começar a pedalar e ir ao encontro do tão apetecido café na Santa Casa, que ficava a uns 4 km na direcção do caminho. Lá chegados, uns dedos de conversa, sobre política e o estado da nossa Nação.

Antiga linha do Corgo

Até Vila Real foi um total desafio à nossa forma física e mental, pois nunca subi tanto em tanto em percentagem de inclinação como aqui. Muitas das zonas do caminho não estão preparadas para se poder circular de btt, nalgumas delas até à mão foi complicado. Tivemos que percorrer uma parede em laje, bastante degradada, com a bike às costas. 



O caminho também ele era muito estreito, com declive acentuado à direita, e se alguma coisa corresse mal, eram pelo menos 4 metros de queda livre. Esta passagem deve ser bastante perigosa em época de chuva, mesmo para os caminheiros. A seguir entrámos em alcatrão e sempre deu para recuperar o fôlego e a força nas pernas. Voltámos a entrar em terra com uma descida muito acentuada entre vinhas, seguido de nova subida até à povoação e aí começou o verdadeiro parte pernas - subidas longas em calçada com uma inclinação tal, que não me lembro ter alguma vez ter feito.
 Chegada a Vila Real, fomos ao Seminário para obter mais um carimbo, descansar um pouco daquela que foi a zona mais dura de todo o percurso, aproveitando para tomar um café e comer uma bola de Berlim. Tomado o doping voltámos ao caminho, discutindo o que fazer, se a restante etapa fosse desta exigência e sobre a hipótese de reduzir os quilómetros. Mas mesmo assim a boa disposição imperava e em tom de brincadeira dizíamos “venham as subidas, nós queremos é subidas”. As subidas não faltaram, mas foi na maior parte uma etapa bastante rolante, sobretudo quando entrámos na antiga linha do Corgo. Chegada a Vila Pouca de Aguiar junto à hora de almoço encontrámos um Intermarché e resolvemos parar para tratar do almoço. Com bicicletas não é fácil fazer as compras juntos, pelo que falámos com a chefe de loja que logo se prontificou em arrumá-las numa das lojas em obras e assim conseguirmos fazer as compras para o almoço e depois utilizar as mesas do café para a sua preparação, sem a preocupação de acontecer alguma coisa aos nossos transportes.
Voltámos ao pedal no fim do almoço, com a temperatura exterior a rondar os 38 graus. Mais uma etapa a beber bastante água e como maior parte dos pontos de água tinham tanque era banho na certa.


Esta etapa evoluía com bastante rapidez, entrámos novamente na ciclovia e foi rapidamente que nos colocámos em Pedras Salgadas onde aproveitámos para refrescar nas sombras do parque e contemplar os seus jardins e as arrojadas eco houses que convidam a um fim-de-semana diferente em família.

Eco house

Estando no parque de Pedras Salgadas, terra da água carbónica, queríamos aproveitar o facto de aqui estar e tomar uma água sem ser engarrafada e sentir a diferença. Com a nascente fechada ao publico, ainda esperámos algum tempo com a esperança que um funcionário abrisse as portas, mas, passou tempo e nada.
Até Vidago percorremos o que seria mais parecido com uma selva, vegetação muito densa, muitas silvas, que nos fizeram tatuagens nas pernas e braços e para ajudar algumas urtigas, muito boas para a circulação. Mais uma paragem para abastecer de água, tirar umas fotos a um antigo hotel enorme em ruínas, que mais parecia um cenário para filme de terror. Seguimos caminho até Chaves.





Chegámos com a boa sensação de etapa concluída, mas maçados pelo calor. A primeira coisa que se procurou foi uma loja de bikes. Algumas informações dadas por um local lá e com alguma dificuldade, descobrimos o sitio. Depois de termos perdido algum material tínhamos que reforçar o stock de equipamento. Comprei óleo e o Casaleiro mais uma câmara de ar. O responsável pela loja Street bikes ainda nos deu algumas informações sobre o caminho que também ele já tinha feito e a aconselhou-nos a pernoitar em Verin, já que ainda estávamos  com forças para pedalar.
À saída de Chaves ainda passámos no quartel dos B.V. de Chaves, onde inicialmente pensámos em pernoitar e obtivemos o último carimbo Português.
Até entrarmos em terras Espanholas o percurso foi sempre muito rolante na sua maioria em alcatrão, tendo passado algumas partes em terra batida e com poucas subidas, dando para uma boa progressão, até ao destino desta etapa, que seria Verin.
Verin

À entrada da localidade espanhola não descobrimos as placas de indicação do caminho, andámos um pouco à deriva sem saber bem para onde seguir. Depois de algumas piscinas feitas na zona, lá encontrámos a Casa do Escudo, que seria o “nosso lar” naquela noite.
Casa do Escudo

Porta fechada, aparentemente sem ninguém lá dentro, alguma confusão no que fazer, telefonou-se para o numero indicado à porta e logo nos foi dito que nos iriam receber. Demorou 5 minutos até à chegada de um funcionário camarário para nos dar as boas vindas e fazer as honras da casa, mostrando as instalações. A casa do escudo tem instalações pequenas, com uma única casa de banho o que em caso de mais gente de torna complicado em hora de ponta. O aquecimento ainda deu jeito para secar o equipamento, mas fraco para a época de inverno e ainda havia um micro ondas. Para uma noite desenrasca bem. Desta vez o pagamento teve um custo de 6€, com entrega de recibo, coisa que não aconteceu nos outros locais. Foi-nos entregue um descartável para a cama e almofada e o saco cama que levámos fazia o resto. Mais uma vez, estivemos sozinhos, o que é sempre bom, pelo facto de deixarmos as coisas mais à vontade.
Casa do Escudo

Camarata da Casa do Escudo

Cansados duma etapa que se manifestou das mais duras em todo o trajeto tomámos o merecido banho e saímos para a janta. Tratando-se de uma localidade bem grande não tivemos grande problema em encontrar onde comer. Numa das praças da cidade sentamos-nos numa esplanada do snack bar Gandaias e como era de esperar demos preferência à carne e assim ajudar na reconstrução muscular, para que no dia seguinte não custasse tanto. Pedido feito, algumas canhas para repor líquidos e veio o jantar. Veio o primeiro prato, bem aviado, o funcionário foi embora e voltou daí a pouco com mais um prato de comida que nos deixou perplexos. Uma dose dava para os dois, mas já que tinha vindo e como não tínhamos prometido a noite a mais ninguém … No fim, a conta, com entradas, 3 cervejas cada, prato principal e cafés por 11€ cada um. Barato!
Ainda não satisfeitos com o que tínhamos comido, tivemos que lamber uns gelados. “Vale mais sustentar um burro a "pão-de-ló”. Não tardou muito que o cansaço se apoderasse de nós e foi num ápice que adormecemos.

Dados da etapa do dia

121,43 km percorridos com 1,963 desnível + em movimento 7h57hm9s (dados gps)

Continua...

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