segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Coimbra - Santiago de Compostela, 2ª etapa...


2ª Etapa 19/07/2013 Almargem/Bertelo

Segundo dia começou também ele cedo, 6h da manhã e com uma noite mal dormida lá nos preparámos para mais uma jornada e ao contrário do dia anterior este adivinhava-se bem mais duro e longo. Alforges carregados, saímos para o único café aberto onde tomámos o que seria o nosso pequeno-almoço. Queijo, margaridas ou tortas tipo “dan cake”, acompanhado de galão ou café eram as opções disponíveis aquela hora. À falta de melhor come-se o que há.
A manhã estava fresca, eram 7:30 quando iniciámos a segunda etapa. Seguimos as indicações bem visíveis junto ao albergue percorrendo os primeiros quilómetros do trilho sem grandes dificuldades e com paisagens bem bonitas. As subidas não tardaram muito em aparecer. A partir daqui foi um constante sobe e desce com algumas subidas, que para nós foram  duras de transpor, com piso solto e íngreme e que com a bike carregada não foi nada fácil.

À entrada do concelho de Castro D’Aire descemos até Cabrum, aqui também muito complicado pois não estávamos habituados à instabilidade da bike, muito por culpa dos alforges. Entrámos na aldeia que foi ocupada por naturistas, a atravessámos a pequena ribeira com o mesmo nome e logo mais uma subida longa e mais íngreme, seguida de descida também ela longa e com muitas regueiras, a colocar à prova a destreza dos bicigrinos sobre as máquinas, que não estavam nada fáceis de controlar, devido à torção que os alforges provocavam.
Mões seria a povoação seguinte onde parámos para reforçar o pequeno-almoço, mas desta vez com pão e mais um café. A esta hora já se notava a temperatura a subir e aproveitámos, para no centro da povoação, encher os bidões com água fresca num fontanário. Fontanários, foram muitos pelo caminho entre Castro D’aire e Vila Real, que nos pouparam uns euros na compra de água. À saída de Mões mais uma subida longa, penosa, que nos deixou sem ar e de pernas bem duras. 
S. Pedro em Mões



Os quilómetros percorridos até agora eram bem menos que no dia anterior muito por culpa da dureza do terreno, mas nada que tirasse o ânimo entre os dois PMC’S, onde prevalecia a boa disposição e a vontade de absorver cada vez mais quilómetros para cumprir o objectivo. Entre montes e vales, terrenos de cultivo, muita pedra, água e lama à mistura, que faz deste percurso o mais duro, chegámos a Castro Daire com alguma dificuldade. Voltámos a parar para descansar, comer uma bela sandes de presunto e mais uma coca-cola, bebida que nos acompanhou nas várias paragens da hora de almoço. Nesta altura já se faziam contas aos quilómetros percorridos, que eram poucos e em causa estava a chegada ao objectivo que seria, Bertelo. Havia muito para andar e sem saber ao certo o que nos esperava, lá rumámos até Lamego. Na preparação para o caminho tive a oportunidade de ler no fórum btt, algumas das crónicas de bicigrinos que fizeram o mesmo trajecto e assim preparei-me, para o que vinha a seguir. Se até agora o grau de dificuldade se tinha vindo a agravar, até Lamego foi sempre a doer. Lá chegados e com o cansaço a evidenciar-se e muito calor, voltámos a fazer nova paragem para comer alguma coisa e tentar mais um carimbo. Já passavam das 17h e o posto de turismo que encontrámos estava fechado e foi na Sé de Lamego que conseguimos o desejado carimbo.Seguia-se Peso da Régua, até lá tivemos alguma dificuldade em conseguir encontrar as placas de identificação do caminho, seguindo uma boa parte em alcatrão sem saber se estávamos na direcção certa, mas que deu para adiantar percurso.


Mais uma cidade, mais uma paragem. No caminho encontrámos os B.V. de Peso da Régua onde carimbámos mais uma vez e pedimos informação sobre Bertelo e a distância até lá. Gerou-se alguma confusão em redor do nome da povoação, pois ninguém, sabia onde ficava. Decidiram então telefonar aos B.V. de Santa Marta de Penaguião e falar com o comandante da corporação, tentando tirar as dúvidas sobre o local. Depois disto, tínhamos a informação que a localidade de Bertelo ficava perto de Santa Marta. Pensámos no que fazer e acabámos por decidir na progressão da etapa e ir ao encontro dos B.V. de Santa Marta de Penaguião. A saída da Régua foi praticamente feita em alcatrão, mas sempre em subida, até entrar nas encostas do Douro
A paisagem do traçado até Santa Marta de Penaguião é indescritível, com encostas e socalcos verdejantes, repletos de vinhas e que torna esta zona ímpar na sua beleza, modificada pela mão do homem. Penhascos rochosos e terreno algo exigente, sempre com um bom ritmo até à saída da Régua, foi sempre a trepar seguido de uma descida alucinante até Santa Marta de Penaguião

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Ali chegados, fomos até aos B.V. para receber mais um carimbo e obter informação sobre a localidade onde iríamos pernoitar. Fomos recebidos pelo comandante da corporação e a excelente equipa que logo manifestou o interesse em ajudar. Ainda colocámos a hipótese de passar a noite naquele quartel, mas devido ao excedente de voluntários na prevenção de incêndios, o espaço estava lotado. Preocupados, entraram em contacto com a pessoa responsável pelo albergue pertencente à Santa Casa da Misericórdia e informar da nossa chegada para a pernoita. O Sr António, responsável pelo albergue, informou que a estadia estava assegurada, mas o jantar já não era possível, pois  devíamos ter telefonado até às 18h a marcar, informação que desconhecíamos. O comandante preocupado e como teríamos que fazer mais uns km até chegar ao destino, mais uma vez ajudou e ofereceu-nos jantar na corporação, juntos dos seus homens. Como a insistência foi muita lá ficámos. A fome era muita e não é com sandes e barras que se aguenta tanto esforço, o dia todo. O Casaleiro já só pedia uma sopa mas, surpresa das surpresas, não havendo sopa, o jantar foi nem mais nem menos leitão (dois leitões, ehehe, espectáculo!) Qual sopa, qual quê! Vamos mas é ao leitão e às bejecas bem fresquinhas. Com este manjar inesperado, foram duas horas de cavaqueira, matando a curiosidade do pessoal, interessado em saber todo o nosso percurso, o que tínhamos feito, o que faltava, etc. Pessoal muito simpático e afável, cinco estrelas!
A luz do dia já era pouca, pelo que para não fugir do caminho e fazer atalho, partimos e como sobremesa mais umas paredes para trepar, dignas de registo…lá se foi o leitão! Alguns quilómetros à frente, começámos a perder a luz natural, tendo que utilizar a luz alternativa de bateria. Entrando num trilho muito estreito a descer e com alguns degraus em pedra junto a uma ribeira, com uma escarpa à esquerda de pelo menos uns 4 metros, foi um apalpa terreno sempre montados na bike, até sair junto a uma etar que ligava à estrada. A partir daí foi sempre alcatrão até Bertelo e para variar sempre em subida, nada que seja estranho nestas bandas.
Já com alguns quilómetros feitos em estrada e sem ter a certeza se estávamos na direcção certa, entrei em contacto com o Sr António e avisar do nosso atraso que prontamente veio ao nosso encontro, não estávamos longe. Seguimos as suas indicações para entrarmos na povoação enquanto ia abrindo a porta do albergue. Felizmente a etapa de hoje estava a terminada. Não sentia os pés com tanta dor.
Albergue de Bertelo

Desta vez, não estávamos sozinhos no albergue, o Sr António, informou que apesar de não estarem presentes, o albergue tinha mais 11 pessoas que tinham saído para participar num teatro de rua e que iam chegar mais tarde. O albergue estava bem equipado e preparado com tudo o que era necessário, até mesmo para preparar refeições. O Sr António é bem simpático e de fácil diálogo e colocou-nos logo à vontade, deixando-nos pão e leite para o pequeno almoço do dia seguinte e um convite para tomar café nas instalações da Santa Casa, que fica no caminho que iríamos seguir. Telefonema para a família dando conta de que tudo estava bem. Relaxámos um pouco, preparámos uma cevada, uma das coisas que havia à disposição, e falámos da dura etapa feita e da que viria no dia seguinte. O rescaldo era positivo apesar da valente malha que levámos. O dia foi muito longo e bastante duro com quase 94 km percorridos em trilhos muito exigentes e técnicos, contrariando os 84,4 km estipulados inicialmente. Estava na hora de colocar o esqueleto no descanso, até amanhã!
Dados da etapa

93,80 km – 2,607 D+  Tempo de movimento 8:00:12

Continua...


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