2ª Etapa 19/07/2013 Almargem/Bertelo
Segundo dia começou também ele cedo, 6h da manhã e com uma
noite mal dormida lá nos preparámos para mais uma jornada e ao contrário do dia
anterior este adivinhava-se bem mais duro e longo. Alforges carregados, saímos
para o único café aberto onde tomámos o que seria o nosso pequeno-almoço. Queijo,
margaridas ou tortas tipo “dan cake”, acompanhado de galão ou café eram as
opções disponíveis aquela hora. À falta de melhor come-se o que há.
A manhã estava fresca, eram 7:30 quando iniciámos a segunda
etapa. Seguimos as indicações bem visíveis junto ao albergue percorrendo os
primeiros quilómetros do trilho sem grandes dificuldades e com paisagens bem
bonitas. As subidas não tardaram muito em aparecer. A partir daqui foi um
constante sobe e desce com algumas subidas, que para nós foram duras de transpor, com piso solto e íngreme e
que com a bike carregada não foi nada fácil.
À entrada do concelho de Castro
D’Aire descemos até Cabrum, aqui também muito complicado pois não estávamos
habituados à instabilidade da bike, muito por culpa dos alforges. Entrámos na
aldeia que foi ocupada por naturistas, a atravessámos a pequena ribeira com o
mesmo nome e logo mais uma subida longa e mais íngreme, seguida de descida também
ela longa e com muitas regueiras, a colocar à prova a destreza dos bicigrinos
sobre as máquinas, que não estavam nada fáceis de controlar, devido à torção
que os alforges provocavam.
Mões seria a povoação seguinte onde parámos para reforçar o pequeno-almoço,
mas desta vez com pão e mais um café. A esta hora já se notava a temperatura a
subir e aproveitámos, para no centro da povoação, encher os bidões com água
fresca num fontanário. Fontanários, foram muitos pelo caminho entre Castro
D’aire e Vila Real, que nos pouparam uns euros na compra de água. À saída de
Mões mais uma subida longa, penosa, que nos deixou sem ar e de pernas bem duras.
S. Pedro em Mões |
Mais uma cidade, mais uma paragem. No caminho encontrámos os
B.V. de Peso da Régua onde carimbámos mais uma vez e pedimos informação sobre
Bertelo e a distância até lá. Gerou-se alguma confusão em redor do nome da
povoação, pois ninguém, sabia onde ficava. Decidiram então telefonar aos B.V.
de Santa Marta de Penaguião e falar com o comandante da corporação, tentando tirar
as dúvidas sobre o local. Depois disto, tínhamos a informação que a localidade
de Bertelo ficava perto de Santa Marta. Pensámos no que fazer e acabámos por
decidir na progressão da etapa e ir ao encontro dos B.V. de Santa Marta de
Penaguião. A saída da Régua foi praticamente feita em alcatrão, mas sempre em
subida, até entrar nas encostas do Douro
A paisagem do traçado até Santa Marta de Penaguião é
indescritível, com encostas e socalcos verdejantes, repletos de vinhas e que
torna esta zona ímpar na sua beleza, modificada pela mão do homem. Penhascos
rochosos e terreno algo exigente, sempre com um bom ritmo até à saída da Régua,
foi sempre a trepar seguido de uma descida alucinante até Santa Marta de
Penaguião
.
Ali chegados, fomos até aos B.V. para receber mais um
carimbo e obter informação sobre a localidade onde iríamos pernoitar. Fomos
recebidos pelo comandante da corporação e a excelente equipa que logo manifestou
o interesse em ajudar. Ainda colocámos a hipótese de passar a noite naquele
quartel, mas devido ao excedente de voluntários na prevenção de incêndios, o espaço estava lotado. Preocupados, entraram em contacto com a pessoa responsável
pelo albergue pertencente à Santa Casa da Misericórdia e informar da nossa
chegada para a pernoita. O Sr António, responsável pelo albergue, informou que
a estadia estava assegurada, mas o jantar já não era possível, pois devíamos ter telefonado até às 18h a marcar,
informação que desconhecíamos. O comandante preocupado e como teríamos que
fazer mais uns km até chegar ao destino, mais uma vez ajudou e ofereceu-nos jantar
na corporação, juntos dos seus homens. Como a insistência foi muita lá ficámos.
A fome era muita e não é com sandes e barras que se aguenta tanto esforço, o
dia todo. O Casaleiro já só pedia uma sopa mas, surpresa das surpresas, não
havendo sopa, o jantar foi nem mais nem menos leitão (dois leitões, ehehe, espectáculo!)
Qual sopa, qual quê! Vamos mas é ao leitão e às bejecas bem fresquinhas. Com
este manjar inesperado, foram duas horas de cavaqueira, matando
a curiosidade do pessoal, interessado em saber todo o nosso percurso, o que
tínhamos feito, o que faltava, etc. Pessoal muito simpático e afável, cinco
estrelas!
A luz do dia já era pouca, pelo que para não fugir do caminho
e fazer atalho, partimos e como sobremesa mais umas paredes para trepar, dignas
de registo…lá se foi o leitão! Alguns quilómetros à frente, começámos a perder
a luz natural, tendo que utilizar a luz alternativa de bateria. Entrando num
trilho muito estreito a descer e com alguns degraus em pedra junto a uma
ribeira, com uma escarpa à esquerda de pelo menos uns 4 metros, foi um apalpa
terreno sempre montados na bike, até sair junto a uma etar que ligava à
estrada. A partir daí foi sempre alcatrão até Bertelo e para variar sempre em
subida, nada que seja estranho nestas bandas.
Já com alguns quilómetros feitos em estrada e sem ter a
certeza se estávamos na direcção certa, entrei em contacto com o Sr António e
avisar do nosso atraso que prontamente veio ao nosso encontro, não estávamos
longe. Seguimos as suas indicações para entrarmos na povoação enquanto ia
abrindo a porta do albergue. Felizmente a etapa de hoje estava a terminada. Não
sentia os pés com tanta dor.
Albergue de Bertelo |
Desta vez, não
estávamos sozinhos no albergue, o Sr António, informou que apesar de não
estarem presentes, o albergue tinha mais 11 pessoas que tinham saído para
participar num teatro de rua e que iam chegar mais tarde. O albergue estava bem
equipado e preparado com tudo o que era necessário, até mesmo para preparar
refeições. O Sr António é bem simpático e de fácil diálogo e colocou-nos logo à
vontade, deixando-nos pão e leite para o pequeno almoço do dia seguinte e um
convite para tomar café nas instalações da Santa Casa, que fica no caminho que
iríamos seguir. Telefonema para a família dando conta de que tudo estava bem. Relaxámos
um pouco, preparámos uma cevada, uma das coisas que havia à disposição, e
falámos da dura etapa feita e da que viria no dia seguinte. O rescaldo era
positivo apesar da valente malha que levámos. O dia foi muito longo e bastante
duro com quase 94 km percorridos em trilhos muito exigentes e técnicos, contrariando
os 84,4 km estipulados inicialmente. Estava na hora de colocar o esqueleto no
descanso, até amanhã!
Dados da etapa
93,80 km – 2,607 D+
Tempo de movimento 8:00:12
Continua...
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